O quê? Pra quê? Por quê? Como?

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domingo, 28 de setembro de 2008

A Filosofia



Todas as palavras que usamos tem uma história, tem um significado que está na sua raiz. O mesmo acontece com a palavra Filosofia. Tem um significado e uma história. A origem da palavra filosofia é grega. Surgiu na antiga Civilização Grega. Os historiadores da filosofia dizem que foi o filósofo e matemático Pitágoras (V a . C.) que a usou pela primeira vez.

Observe a composição da palavra filosofia:

FILOSOFIA = PHILOS + SOPHIA = amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber

PHILOS = amizade, amor
SOPHIA = sabedoria
SOPHÓS = sábio

A própria origem da palavra Filosofia nos revela o caráter essencial deste campo do saber. Filosofia, mais do que um determinado conjunto de idéias, uma determinada doutrina, é como diz o filósofo Ludwig Wittgenstein, uma atitude.
A atitude verdadeiramente filosófica se instaura a partir da postura do filósofo em relação ao conhecimento. O filósofo não pretende ser o mais sábio de todos, nem ser o dono da verdade. e esta for a sua pretensão, deixa de ser filósofo. Torna-se uma pessoa dogmática, e o ogmatismo é o oposto da filosofia.

Pitágoras já nos alertou que o saber definitivo pertence aos deuses e não aos homens. O filósofo é aquele que está em uma constante busca do saber mas tendo consciência que nunca poderá chegar a um termo final. O filósofo existencialista Jaspers no seu livro "Introdução á filosofia" afirma que a essência da filosofia é a procura do saber e não a sua posse. Fazer filosofia é estar a caminho. As perguntas são mais importantes que as respostas. Cada resposta transforma-se numa nova pergunta.

Na atitude filosófica há uma grande humildade que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático. O fanático é aquele que se julga possuidor da verdade. Desta forma, não sentindo necessidade de pesquisa e investigação quer impor sua verdade a outra pessoa. A verdade, então, se torna sua propriedade enquanto para o verdadeiro filósofo é uma exigência. O fanático se acredita proprietário da certeza ao passo que o filósofo faz todos os esforços para ser peregrino da verdade.

A humildade filosófica nos faz reconhecer que a verdade não pertence nem a mim nem a ti, simplesmente está diante de nós.

"Assim a consciência filosófica não é uma consciência feliz, satisfeita com a posse de um saber absoluto, nem uma consciência infeliz presa das torturas de um ceticismo irremediável. Ela é uma consciência inquieta, insatisfeita com o que possui, mas à procura de uma verdade para a qual se sente talhada."
(Huisman, Denis e Vergez, A . A ação. 2ª edição. v. 1 pág. 24)

Vivenciar a filosofia enquanto atitude é afirmar junto como o filósofo grego Sócrates: "Sei que nada sei". Filosofia enquanto atitude se manifesta, como afirmavam os filósofos gregos, em espanto e admiração. Tomamos distância do nosso mundo, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meio de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.

Podemos sintetizar as atitudes filosóficas da seguinte forma:

1. QUESTIONAR

Todo filósofo deve:
- ser curioso, perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo o que está ao nosso redor.
- questionar as afirmações sobre a realidade.
- interessar-se pelas coisas e pensar sobre elas.
- suspeitar do que parece à primeira vista muito evidente como os costumes, crenças, a natureza etc..

Um exemplo relacionado às crenças: em uma briga, uma determinada pessoa pode chamar o outro de mentiroso. E isto porque, segundo ela, não estaria apresentando os fatos da forma como aconteceram. Há a crença de que há diferença entre verdade e mentira. A primeira revela as coisas tais como são. Já a segunda, faz o contrário distorcendo a realidade. Uma atitude não filosófica não questionaria estas crenças. Porém o filósofo perguntaria: o que é a verdade? O que é o falso? O que é o erro? O que é a mentira? Quando existe verdade e por quê?

Então ser filósofo é ter a atitude de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nosso cotidiano. Este questionamento revela que a primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, dizer não ao senso comum, às crenças do cotidiano. Já a segunda característica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos.

Mas é essencial também dizer sim, construir caminhos efetivos de reflexão. E o segundo passo, então, constitui-se pela reflexão em torno do que são as coisas, pensamentos e valores, de como tudo isso se constitui, porque é de um jeito e não de outro e para que serve.

Eis as interrogações fundamentais da filosofia: O QUE É? COMO É? POR QUE É? PRA QUE EXISTE?

O próprio pensamento não escapa destas perguntas. Fazendo perguntas sobre todas as coisas do mundo, o filósofo acaba se voltando para o próprio pensamento perguntando: o que é o pensar, como é pensar, por que há o pensar. É o pensamento interrogando-se a si mesmo.

2. INVESTIGAR

Todo filósofo deve:
- Buscar respostas para as questões e os problemas, examinar e comparar essas respostas, buscar as conclusões mais satisfatórias. As próprias perguntas que fazemos devem ser questionadas para ver se são realmente boas e se vale a pena investigá-las.
- Formular hipóteses, comparar e examinar as alternativas, estabelecer critérios para julgar e classificar as opções, buscar princípios a partir dos quais podemos explicar as coisas.

3. AMPLIAR

Todo filósofo deve:
- buscar a visão mais ampla possível do assunto. Deve incluir na sua avaliação muitas coisas para ter uma visão profunda do problema.
- Considerar maneiras alternativas de ver a realidade. Manter-se aberto a novas visões de mundo, cultivar o gosto pela diversidade.
- Procurar saber o que já é conhecido, levar em conta como e por que aquele conhecimento foi elaborado e se ainda pode nos ser útil.
- Imaginar novas possibilidades, desenvolver ideais e contrastá-los com a realidade. Perguntar-se de que modo a imaginação pode se transformar em realidade.

CONCLUSÃO

É com a vivência da filosofia enquanto atitude que nós podemos chegar a ter as nossas próprias concepções filosóficas, a nossa própria filosofia. Se o estudo da História da Filosofia é uma parte importantíssima na formação do filósofo, a Filosofia não pode se restringir a este. O aluno precisa ter a oportunidade de vivenciar a filosofia enquanto atitude em sala de aula. Friedrich Nietzsche, filósofo alemão nascido em 1844 e morto em 1900, nos esclarece sobre esta necessidade:

"A história erudita do passado nunca foi a ocupação de um filósofo verdadeiro, nem na Índia nem na Grécia; e o professor de filosofia, ao se ocupar com um trabalho dessa espécie, tem de aceitar que se diga dele, no melhor dos casos: é um competente filólogo, antiquário, conhecedor de línguas, historiador - mas nunca é um filósofo..."
( citado por Rosa Maria Dias in: Nietzsche Educador. Pág. 107)

Segundo ele, essa excessiva valorização da história levava à morte as novas idéias, que ainda não tinham recebido o selo da consagração. Isto não significa que não se deve estudar as idéias dos diversos filósofos ( Nietzsche não propõe isto), mas estas devem nos auxiliar a ter o nossas próprias idéias filosóficas, a fazermos experiências do filosofar a partir da atitude filosófica.

Novamente Nietzsche reafirma a importância da filosofia enquanto atitude com esta afirmação:

"paga-se mal a um mestre, quando se continua sempre a ser apenas o aluno. E por que não quereis arrancar minha coroa de louros? Vós me venerais, mas, e se um dia vossa veneração desmoronar? Guardai-vos que não vos esmague uma estátua!.... Ainda não vos havíeis procurado: então me encontrastes. Assim fazem todos os crentes, por isso importa tão pouco toda crença. Agora vos mando me perderdes e vos encontrardes; e somente quando me tiverdes todo renegado eu retornarei a vós..."
(Nietzsche, Friedrich. Obras Incompletas, p. 375)
INTERPRETAÇÃO E QUESTIONAMENTO - Uma última observação

Se a atitude filosófica se revela através de um questionamento e investigação constantes, tal postura vale também para as diversas correntes filosóficas e para a nossa própria posição filosófica. A atitude filosófica questiona o próprio pensar filosófico, como ele se manifestou na história e como ele se manifesta hoje. O questionamento sobre as diversas coisas da realidade levam o filósofo a determinadas concepções que não são as mesmas de outro, mesmo que estejam refletindo sobre um mesmo objeto.

Mas o interessante é que o questionamento que fazemos a determinada coisa, inclusive uma corrente filosófica, já implica em uma interpretação nossa que, com certeza, pode ser também questionada. A própria interpretação já traz em si uma questão filosófica. Na interpretação, onde está a verdade sobre a coisa que está sendo interpretada e as concepções próprias daquele que interpreta? É possível questionar a partir do nada, com uma neutralidade absoluta? Ou toda interpretação já traz as concepções do intérprete, já traz o contexto histórico em que ele vive, já traz as perguntas de seu tempo que pretende responder à partir de concepções do passado?

Por isso, a luta contra o dogmatismo tem centralidade para o campo filosófico. Todo julgamento, por mais verdadeiro que pareça, nunca pode ser considerado irrefutável, pois estará sempre sustentado pelas concepções de vida de quem o fez e pelo momento histórico e social em que foi produzido. Somos seres históricos.

Vamos a um exemplo prático disto para o estudo da Filosofia:

O filósofo grego Sócrates não deixou nada escrito. Sua filosofia era de base dialógica. Ele gostava de filosofar conversando com as pessoas nos espaços públicos de Atenas. Seu pensamento chegou a nós através de relatos de outros filósofos, principalmente através dos diálogos escritos por Platão, seu principal discípulo.

Ou seja, cabe-nos perguntar: como é possivel separar a filosofia de Sócrates daquilo que outros filósofos, como Platão, julgam ser a filosofia deste filósofo? O que é de Sócrates, o que é do intérprete?

O que o historiador A . E. Taylor afirma a respeito dos dilemas do biógrafo serve para todo intérprete:

"A vida de um grande homem, particularmente quando ele pertence a uma época remota jamais pode ser o mero registro de fatos indiscutíveis. Mesmo quando tais fatos são abundantes, a verdadeira tarefa do biógrafo consiste em interpretá-los; deve penetrar, além dos simples eventos, no propósito e no caráter que eles revelam, o que só consegue fazer mediante um esforço de imaginação construtiva"
(citado por José Américo Motta Pessanha In: Sócrates. Coleção os Pensadores, pág. XI).

Este é um dos dilemas da Filosofia e de todas as áreas do saber. Mas este fato não nos deve fazer desanimar. Tudo isto só comprova que o conhecimento da realidade está intrinsecamente vinculado ao sujeito que conhece e às suas concepções.

Dentre outras coisas, esta constatação filosófica revela o gênio criador do homem. As manifestações positivas deste comportamento criativo estão presentes por todo canto ajudando o homem a se conhecer melhor, a ter um mundo melhor, a ter uma melhor resposta (mesmo que não definitiva) para as suas angústias e anseios.
AGORA, É O MOMENTO DE VOCÊ FAZER AS SUAS PRÓPRIAS REFLEXÕES

Sublinhe algumas frases que você considera centrais para a compreensão do texto e as explique cada uma delas num texto curto de no máximo 5 linhas.


BIBLIOGRAFIA

GALLO, SÍLVIO. Ética e Cidadania - Caminhos da Filosofia. Papirus Editora. 1997. São Paulo
SÁTIRO, ANGÉLICA e WUENSCH, ANA MIRIAM. Pensando melhor - Iniciação ao filosofar. Editora Saraiva. 1997. São Paulo
CHAUÍ, MARILENA. Convite á Filosofia. Editora Ática. 1994. São Paulo
EDUARDO PRADO DE MENDONÇA. O mundo precisa da filosofia. Rio de Janeiro, Agir, 1968
NIETZSCHE, FRIEDRICH. Obras Incompletas. São Paulo, Abril, 1974, Coleção "Os Pensadores"
DIAS, ROSA MARIA. Nietzsche educador. Editora Scipione. 1991. São Paulo
PESSANHA, JOSÉ AMÉRICO MOTTA. Sócrates. Editora Nova Cultural. Coleção "Os Pensadores". São Paulo. 1987

Um comentário:

magaramaccallum disse...

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